sábado, 16 de julho de 2005

AO MAR

este respirar o mar
quando as ondas estão fortes de maresia
este respirar o sal
quando a espuma se encontra poluída!

- ai barcos malditos...vapores modernos...

eu quero mar com sabor
mesmo com ondas fortes
mesmo que derrubem o impulso mais pacato
do peixe aranha...

quero sempre o mar
com ondas brancas de espuma
e com muito sal de amor

quero sempre o mar
com muitas baleias remexendo as algas

eu pequenina...quero sempre o mar
com pedras transparentes
para apanhar descalça
na areia carpete dos meus pensamentos

eu quero o mar a cantar
hinos de ternura a imensidão

eu quero ver as gaivotas em bandos de música
a tocar no eu do meu sentir

eu quero ver os pescadores
de ilusões
de multidões
de calça arregaçada e muita escama
pescarem montes e montes de
peixes saltitando por respirar

eu quero ver as redes cheias de pão...

eu quero ver o grito de alegria
porque a rede vem carregada não só de ilusões

eu quero ver o sol pratear a lua
a namorar a noite
e a fazer amor ao som das estrelas
vivinhas de frescura

eu quero sentir o murmúrio do bater
do coração na água nas rochas na terra...

eu quero viver sentindo o arder
da vida a bater no arco-íris do sonho

eu quero ver muitas dunas para esconder
as conchas que quero apanhar
para muita gente

eu quero ouvir o mar no búzio
grande e torto...

eu quero sentir as pegadas na areia
do desconhecido

eu quero adormecer
com a maré vaza
e sonhar com rochas carregadas com lapas
agarradas à vida...



1981 - pikonera

Sem comentários: