quinta-feira, 1 de julho de 2004

...o amor é silêncio...

...tudo é quietude, nesta... vagarosa madrugada...o caminho poeirento, as árvores do bosque, as espadanas largas que vicejam na margem do arroio, e ar ambiente ... tudo parece possuído por uma doce calma absorta....dizem...que todas as manhãs, quando o sol nasce, o vento detém a sua correria, as folhas das árvores deixam de se abanicar, emudece a natureza, prisioneira de um silêncio expectante....talvez...o silêncio é clima propicio das obras divinas...os homens imaginam que a palavra é decisiva, os conferencistas e os conversadores de dicção fácil...e não é assim; no idioma das almas, a palavra nunca é definitiva...necessitamos de vocábulos para comunicar com os outros, para lhes patentear o tesoiro dos nossos sentimentos íntimos...e, todavia a palavra é superior e imperfeita...jamais poderá conter o latejo profundo da alma....quanto mais superficial é uma vida...quanto menos profundos os sentimentos que moram no coração...mais abundante palavreado oco, mais ostensivas manifestações externas.......no amor...primeiro é a palavra....depois os monossílabos...as expressões entrecortadas...e por fim o silêncio...atingiu-se a máxima comunicação das almas...os corações falam sem palavras...pelo olhar...nos olhos que se cruzam palpita a alma...dispensa intermediários...por isso os que se amam andam sós ...procuram lugares retirados do bulício do mundo...a massa asfixia o amor como o asfalto escaldante da estrada ondulada dificulta a respiração...

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