quinta-feira, 10 de junho de 2004

10 de Junho



10 de Junho
Dia de Portugal, Camões e das Comunidades



"O dia de Portugal comemora-se a 10 de Junho, data da morte de Luís de Camões.

Luís Vaz de Camões não tem data, nem sítio certo de nascimento, crê-se que tenha nascido em Lisboa ou em Coimbra, em 1524 ou 1525. A sua família, de origem galega, veio para Portugal por alturas do reinado de D. Fernando; (crê-se também) pertencia à pequena nobreza, esta acepção é fundamentada por um documento oficial, uma carta de perdão, datada de 1553, que o refere como "cavaleiro fidalgo" da Casa Real. Não existem igualmente provas documentais que o liguem à Universidade de Coimbra, no entanto muitos historiadores referem que a cultura que possuia, a poderia ter bebido aí, e outros crêem que a origem poderá estar no Mosteiro de Santa Cruz, onde tinha familiares.

A sua vida conheceu múltiplas vicissitudes. Entre os anos de 1542 e 1545 andou por Lisboa, comungando do ambiente que então se vivia na Corte de D. João III, tornando-se, facilmente, reconhecido pelo dom de bom poeta, não deixando por essa mesma razão de granjear alguns inimigos, despeitados pelo seu valor indesmentível.

Por volta de 1549 rumou a Ceuta, ficando por lá 2 anos, de referir que estas viagens eram, à altura, situações bastante normais, na sua condição, em jovens que seguiam carreira militar.

Mas no regresso, a incursão pela vida boémia foi retomada. O seu envolvimento em rixas não era de todo situação invulgar, tendo uma tido como consequência a sua prisão. Decorria o ano de 1552 quando Camões passava no Largo do Rossio e se confronta com uma luta entre dois mascarados e um funcionário da Cavalariça Real. Ao aproximar-se Camões verifica serem seus amigos os mascarados, não pensando muito e de faca na mão, disfere um golpe em Gaspar Borges. Passa quase um ano na prisão, e após vários pedidos de Dona Ana de Macedo, sua mãe, infrutíferos, o próprio ferido, já restabelecido, concede-lhe o perdão. Mas são-lhe impostas algumas condições: a primeira, uma multa de 4 mil reis, e a segunda mais custosa, o embarcar para a India e servir a milicia, por três anos no Oriente(foi libertado por meio de uma carta régia de perdão, datada de 7.3.1552, embarcando para a Índia nesse mesmo mês, a bordo da armada de Fernão Álvares Cabral).

Em 1554 patrulhou o Mar Vermelho, e algum tempo depois é nomeado pelo Governador Francisco Barreto "provedor-mor dos defuntos nas partes da China", como quem diz era responsável por arrolar e administrar (provisoriamente) os bens de pessoas falecidas ou desaparecidas. O seu comportamento deixou muito a desejar e chamaram-no de volta a Goa.

Na viagem de regresso, (final de 1558, inicios de 1559) naufraga na foz do rio Mekong, conseguindo salvar o manuscrito dos Lusíadas.

"...está na costa do Cambodja...Camões salta do barco. Os Lusiadas colados ao corpo. Braçadas. Mais braçadas. Turbilhão de água, escassez de ar. Camões nada, incansavelmente. Terra firme. Ainda não perdeu os sentidos. Sabe que está vivo. Olhar de soslaio, o manuscrito está a salvo. Já pode desmaiar...".

Finalmente em Goa, e após tantas vicissitudes enconta-se numa situação muito precária, pedindo protecção ao Vice-Governador, D. Constantino de Bragança, não obtendo, no entanto, efeito algum.
Faz uma passagem por Moçambique, em 1567, onde segundo Diogo de Couto, vivia da generosidade de amigos.

Regressado à metrópole, e com o patrocínio de D. Manuel de Portugal, consegue ver a sua epopeia publicada "Os Lusíadas", decorria o ano de 1572, o que lhe valeu uma melhoria de vida, através da tença de 15 000 réis, que D. Sebastião lhe concede.

A 10 de Junho de 1580, ensombrado o país que estava com a derrota de Alcácer Quibir, morre aos 56 anos, pobre, enterrado em campa rasa.

"Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que para mim bastava amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Qua as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
Errei todo o discurso dos meus anos;
Dei causa a que a fortuna castigasse
As minhas mais fundadas esperanças.
De amor não vi se não breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!"


O poema épico "Os Lusíadas"
O feito heróico das conquistas inflamou os peitos do povo lusitano e alguns poetas mais atentos tinham já manifestado interesse em perpetuar essa façanha, através da escrita da epopeia do país.
Ainda no reinado de D. João II o italiano Ângelo Policiano o tinha proposto, apesar de, à data, os feitos dos lusos serem ainda pouco relevantes.

No reinado de D. João III Garcia de Resende no seu Cancioneiro Geral de 1516, deixa sair a sua tristeza de não haver poema que dignificasse a realização.
Só 50 anos mais tarde, Camões daria à pátria o que ela já há tanto tempo almejava - o maior poema épico escrito na nossa língua.
Vasco da Gama, o navegador que no ano de 1498 descobriu o Caminho Marítimo para a Índia, encarna o herói individual do poema. No entanto através dele é todo um povo que é enaltecido, numa época em que a Nação se orgulhava e com razão."


in: Escola Básica 2º, 3º Ciclos com Secundário Ansião

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